sábado, setembro 09, 2006

As intermitências da morte

Acabei hoje de ler o meu primeiro livro de Nobel, José Saramago, "as intermitências da morte".
Após vários alertas sobre o facto da escrita de Saramago ser confusa, sobre a anarquia na pontuação, o meu veredicto é, esses factores não são grandes entraves à leitura, direi mesmo, que não me perturbaram, para além do choque inicial. Considero mesmo a sua escrita deveras interessante, a sua associação de palavras, significados, termos, expressões.
Talvez tenha lido um livro mais fácil de ler, e de entender, do que é normal nele, ou simplesmente possuo uma mente tão confusa que é propensa à leitura de coisas confusas. Não o sei bem, terei que averiguar isso lendo outro livro do mesmo autor...

Quanto ao livro em si, tal como o título dá a entender, este baseia-se na morte, e na ausência desta. Numa primeira fase, o livro conta a história de um país longínquo, onde, a partir do primeiro dia e primeiro segundo do ano, se deixa de morrer. O autor lança-se então numa narrativa da reacção das pessoas a esse fenómeno e explora, à exaustão, as consequências sociais, económicas, religiosas, entre demais, de já não se morrer.
Numa segunda fase, e passados meses, nesse país longínquo, as pessoas voltam a morrer como sempre o fizeram desde o princípio dos tempos com a diferença de que as pessoas passam a receber um pré-aviso de falecimento para resolver assuntos pendentes, avisos esses escritos e assinados pela morte em si, a que está envolta em trapos e de gadanha na mão.
A ultima fase da narrativa centra-se sobre a morte, entidade, descrevendo a sua tarefa enfadonha e rotineira de matar, apresentando-a com um olhar mais humano do que costumamos associar à morte quando pensamos nela.

Claro que o livro contem muito mais detalhes, mais histórias, do que está aqui reduzidamente descrito, mas julgo que isto possa ser suficiente para aguçar o apetite.
Como tal, recomendo este livro a quem esteja na disposição de reflectir um pouco sobre a consequência da vida e, consequentemente, da morte, e de reflectir sobre a forma como a sociedade reage às mudanças, às adversidades. Ou simplesmente, recomando-o a todos os que gostam de ler, visto que não se pode propriamente dizer que ler não seja saudável.

Agora a única dúvida que persiste é, o que irei eu ler a seguir...

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